Na sede da ONU, lideranças brasileiras discutem protagonismo de empresas na resposta a desafios globais em meio à instabilidade geopolítica

Na sede da ONU, lideranças brasileiras discutem protagonismo de empresas na resposta a desafios globais em meio à instabilidade geopolítica

Encontro ocorreu na ocasião do SDGs in Brazil 2025, realizado pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil

Uma delegação de lideranças do setor privado brasileiro e autoridades globais se reuniram na sede das Nações Unidas, em Nova York, na quinta-feira (18), para discutir os desafios e avanços no cumprimento das metas da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em um cenário global de instabilidade e crescente isolacionismo.

Nesse contexto, empresas adquirem protagonismo ainda maior para responder a desafios que extrapolam fronteiras nacionais, como o aquecimento global e a desigualdade de gênero, argumentaram os participantes do SDGs in Brazil 2025, realizado pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil, sob o tema “A década da ação: liderança empresarial por um futuro inclusivo e regenerativo”.

Executivos de setores tão variados quanto energia e futebol abordaram soluções sustentáveis e inovadoras para agricultura, água, saneamento, educação, esporte e transição climática justa, entre outros temas, para um público de mais de 300 pessoas.

Daniela Grelin, diretora executiva do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, defendeu o multilateralismo como ferramenta essencial na abertura do evento. “Ele permanece sendo a melhor solução que a humanidade foi capaz de conceber para lidar com desafios comuns”, afirmou.

“A Agenda 2030 está aí. Esse é o momento de mobilizar e buscar o máximo possível de engajamento das empresas”, complementou Guilherme Xavier, diretor executivo adjunto do Pacto Global da ONU – Rede Brasil.

Melissa Powell, do Pacto Global da ONU, encerrou o evento ressaltando que “multilateralismo é mais importante do que nunca” e que “negócios têm drive e muito o que ganhar nesse processo”.

Na mesma linha, o cientista político Oliver Stuenkel discutiu os desafios do cenário global hoje, entendendo que a instabilidade decorre de questões estruturais – um novo cenário em que diversas potências estão em disputa. Por isso, as empresas devem aprender a navegar esse novo normal, alertou, e entender o protagonismo que adquirem na resposta a desafios coletivos como o aquecimento global.

Painéis abordam desde agricultura regenerativa a educação e esporte

O evento foi estruturado em painéis temáticos que cobriram diferentes aspectos do desenvolvimento sustentável. No painel sobre sistemas alimentares, representantes da Mosaic, Nestlé Brasil, Itaú e UNEP discutiram agricultura regenerativa e a responsabilidade de entregar ao ecossistema mais do que aquilo que retiramos.

A medalhista olímpica Rebeca Andrade participou de discussão sobre esporte e educação, compartilhando sua experiência como estudante de psicologia através de iniciativa da Yduqs voltada a atletas olímpicos e paralímpicos. “Saber que tenho mais sonhos para descobrir, coisas para alcançar [para além da ginástica] é muito legal”, declarou a atleta.

Transição climática justa ganha destaque

Durante a tarde, o foco se voltou para os aspectos sociais da transição climática. Maria Netto, do iCS, e Mekala Krishnan, da McKinsey, debateram, por exemplo, a necessidade de qualificar a força de trabalho para que investimentos em transição energética beneficiem também outras indústrias locais.

Mariana de Paula, do Instituto Decodifica e Embaixadora do South of the Future, enfatizou a importância da diversidade: “Ter pessoas negras, indígenas e quilombolas para trazer uma visão diferente e inovadora”, afirmou. “Isso pode ser impulsionado com os recursos e tecnologia que setor privado tem. Mas para isso é preciso ter intenção, se não ficamos sempre em conversas em salas fechadas”, completou, seguida de aplausos.

Brasil como país da sociobiodiversidade

Túlio Custódio, da Inesplorato, apresentou uma pesquisa sobre percepções do Brasil, defendendo que o país pode ser visto como “país da sociobiodiversidade” e “berço de inovação”, no lugar da imagem atual tida por estrangeiros de um país divertido, mas pouco empreendedor e eficiente.

O embaixador Sérgio Danese, da missão brasileira na ONU, reforçou o papel do multilateralismo e destacou que “várias de nossas empresas têm muito a ensinar na tarefa de contribuir para o ODS”.

Sobre o Pacto Global da ONU 

Como uma iniciativa especial do Secretário-Geral da ONU, o Pacto Global das Nações Unidas é uma convocação para que as empresas de todo o mundo alinhem suas operações e estratégias a dez princípios universais nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. Lançado em 2000, o Pacto Global orienta e apoia a comunidade empresarial global no avanço das metas e valores da ONU por meio de práticas corporativas responsáveis. Tem mais de 20 mil participantes distribuídos em 62 redes que cobrem 77 países, sendo a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo. Há ainda 5 Hubs em diferentes regiões do mundo e mais 14 gerentes nacionais responsáveis pelo processo de implementação em mais 20 países. Para mais informações, siga @globalcompact nas mídias sociais e visite nosso website em www.unglobalcompact.org.   

Pacto Global – Rede Brasil foi criado em 2003 e, hoje, é a segunda maior rede local do mundo, com mais de 2.300 mil participantes. Os mais de 60 projetos conduzidos no país abrangem, principalmente, os temas: Água, Oceano, Resíduos, Agricultura, Florestas, Clima, Direitos Humanos e Trabalho, Anticorrupção, Engajamento e Comunicação. Para mais informações, siga @pactoglobalonubr nas mídias sociais e visite nosso website em www.pactoglobal.org.br